O presidente da AICEP diz que Merkel pretendeu alertar Portugal para os riscos de "aumentar salários com perda de competitividade".
"Não vejo Angela Merkel a dar um puxão de orelhas a Portugal, essa não é a intenção dela. Ela chama a atenção para uma questão que ainda há pouco tive oportunidade de dizer", sustentou Basílio Horta.
Para o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), a chanceler alemã deixou o alerta para aquilo que considera ser um dos problemas mais sérios que Portugal tem.
"Nós temos de ter um grande equilíbrio entre o bem estar das pessoas e a competitividade da nossa economia, porque, se nós queremos aumentar os salários perdendo competitividade, estamos a criar desemprego", sublinhou.
Basílio Horta defende que há empresas que terão maior liberdade salarial, no entanto, para outras o aumento de salários poderá significar a sua morte.
"Nesta fase, creio eu, dificilmente se poderá entender que haja aumentos no setor público, já que se pretende cortar a despesa pública", acrescentou.
De acordo com o presidente da AICEP, a Alemanha está a dizer que não entende por que deve financiar países que têm regimes laborais e de proteção laboral melhores do que os próprios alemães.
"Os alemães não têm 14 meses de subsídio de desemprego, têm 12", comparou.
Basílio Horta referiu ainda que Portugal está "numa via estreita" em termos orçamentais e de dívida externa.
"E, ou entendemos isso, em vez de perder tempo com revisões constitucionais, ou podemos correr aqui um grave risco. Temos de olhar para o Orçamento, para a dívida e termos plataformas de consenso", alertou.
Questionado sobre a possibilidade de haver margem para baixar os salários aos portugueses, referiu não poder responder seriamente à questão.
"Os salários estão ligados à competitividade e temos de competir com outras economias. Os nossos salários são baixos, mas se calhar são altos em relação à Roménia e outros países dentro da União Europeia", apontou.
Para Basílio Horta, nesta altura todas as preocupações nacionais devem incidir na dívida externa e como esta vai ser paga, na diminuição da despesa pública e na questão da inovação.
É necessário continuar a apostar "na inovação, na investigação e no aumento da qualificação da mão de obra, é isto que temos de fazer e depressa, pois o tempo corre contra nós", concluiu.
quarta-feira, setembro 15, 2010
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